segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Crônica


A crônica e suas características

A crônica tem como estilo uma narrativa breve, sem aprofundamento da análise, com abordagem reflexiva, subjetiva e comunicativa, que conta ou comenta histórias da vida cotidiana.
            Histórias que podem ter acontecido com você, com algum colega seu ou até mesmo com alguém da sua família. Mas uma coisa é acontecer e outra é escrever sobre esse fato.
            Na leitura de algumas crônicas, você pode notar como esse tipo de narração ganha um interesse especial.
            Seus personagens são definidos apenas quanto ao momento da ação, falando-se muito pouco sobre eles.
            O desenvolvimento da crônica está intimamente ligado ao espaço aberto, principalmente na imprensa. Pode apresentar-se ora humoristicamente, ora dramaticamente, mas quase sempre com sátiras, porque revela a intimidade de personalidades famosas do mundo, sobre quem o leitor sempre quer saber mais alguma coisa, de preferência íntima, particular, secreta.




Cobrança (Moacyr Scliar)
       
Ela abriu a janela e ali estava ele, diante da casa, caminhando de um lado para outro. Carregava um cartaz, cujos dizeres atraíam a atenção dos passantes: "Aqui mora uma devedora inadimplente".
        ― Você não pode fazer isso comigo ― protestou ela.
      ― Claro que posso ― replicou ele. ― Você comprou, não pagou. Você é uma devedora inadimplente. E eu sou cobrador. Por diversas vezes tentei lhe cobrar, você não pagou.
        ― Não paguei porque não tenho dinheiro. Esta crise...
        ― Já sei ― ironizou ele. ― Você vai me dizer que por causa daquele ataque lá em Nova York seus negócios ficaram prejudicados. Problema seu, ouviu? Problema seu. Meu problema é lhe cobrar. E é o que estou fazendo.
        ― Mas você podia fazer isso de uma forma mais discreta...
       ― Negativo. Já usei todas as formas discretas que podia. Falei com você, expliquei, avisei. Nada. Você fazia de conta que nada tinha a ver com o assunto. Minha paciência foi se esgotando, até que não me restou outro recurso: vou ficar aqui, carregando este cartaz, até você saldar sua dívida.
        Neste momento começou a chuviscar.
        ― Você vai se molhar ― advertiu ela. ― Vai acabar focando doente.
        Ele riu, amargo:
        ― E daí? Se você está preocupada com minha saúde, pague o que deve.
        ― Posso lhe dar um guarda-chuva...
        ― Não quero. Tenho de carregar o cartaz, não um guarda-chuva.
        Ela agora estava irritada:
       ― Acabe com isso, Aristides, e venha para dentro. Afinal, você é meu marido, você mora aqui.
      ― Sou seu marido ― retrucou ele ― e você é minha mulher, mas eu sou cobrador profissional e você é devedora. Eu avisei: não compre essa geladeira, eu não ganho o suficiente para pagar as prestações. Mas não, você não me ouviu. E agora o pessoal lá da empresa de cobrança quer o dinheiro. O que quer você que eu faça? Que perca meu emprego? De jeito nenhum. Vou ficar aqui até você cumprir sua obrigação.
       Chovia mais forte, agora. Borrada, a inscrição tornara-se ilegível. A ele, isso pouco importava: continuava andando de um lado para outro, diante da casa, carregando o seu cartaz.
                                      O imaginário cotidiano. São Paulo: Global, 2001.  


       

Atividade Realizada:

     Baseando-se na sequência de eventos, retirada de Sequência de eventos retirada de LAGE, Nilson. Estrutura da notícia. São Paulo: Ática, 2006. p. 21-22, cada integrante do grupo 5 ficou responsável por escrever uma crônica seguindo as instruções da tutora.


Gênero: Crônica

Tipo de relato: Relato de fatos em ordem decrescente do que se supõe ser a informação mais importante para o leitor.

Tipo de linguagem: Uso de linguagens coloquial e literária.

Pessoa do relato: Narrativa em primeira ou terceira pessoa.

Tipos de palavras características do relato: Presença de palavras que denotam emoções, sentimentos.

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