domingo, 28 de outubro de 2012

Não é ninguém... - autora Suzileni


Não é ninguém...
De repente,o susto,nunca tinha me deparado com um defunto antes.
Fiz tudo como sempre,só que quando estava no banheiro me assustei ao ouvir a campainha,pensei que fosse o padeiro,mas não gritou  - "Não é ninguém,é o padeiro",como de costume.
Enxuguei depressa saí do banheiro ainda enrolada na toalha,caminhei até a porta,destranquei a fechadura e imagine qual não foi minha surpresa ao ao deparar com aquele homem,ali caído na soleira da minha porta.
Olhei em volta,não tinha ninguém no corredor,toquei o corpo e tentei virá -lo,mas já estava frio e rígido.Quando percebi que era um cadáver fiquei inerte,e nem mesmo lembrei que estava enrolada na toalha.
Corri para o telefone,disquei o 190 informando o que tinha acontecido,do outro lada pediram que eu mantivesse a calma e que seria logo atendida.
Quando chegaram,eu estava paralisada e com o defunto aos meus pés,a polícia fez um breve interrogatório enquanto o socorristas mexiam no morto,foi que percebi que aquele rosto era familiar e reconheci nele o padeiro e junto ao corpo dele o pacote com os meus pães.
Segundo os socorristas ele teve um infarto fulminante,assim que tocou a campainha,por isso não gritou - "Não é ninguém,é o padeiro."
Levaram o corpo,entrei,coloquei minha roupa e fiquei pensando que daquele dia em diante minhas manhãs nunca seriam como ante,não ouviria mais a voz matinal que despertava para o café da manhã dizendo - "Não é ninguém,é o padeiro."
Pobre homem,morreu sem ter consciência do quanto era importante!

Um comentário:

  1. Olá Suzi,

    Gostei muito da sua crônica, mas não me sinto preparada para analisá-la.

    Abs,
    Andrea

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